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Toca Santa

Toca Santa, Sepultura Indígena  e  Gruta de Nossa Senhora de  Lourdes

 

 



O Sítio RS 79/A49 CXS

O sítio RS 78 CXS, inspecionado por Schmitz e Bührmann em 12/02/1966 e novamente catalogado pelo Instituto Anchietano de Pesquisa - IAP em 2004, é conhecido na região por Toca Santa” ou Gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Inicialmente, foi descrito como um abrigo sob rocha, com uns 10 metros de boca, uns 3 metros de alto e de fundo. Ali dentro, foram encontrados esqueletos, e alguns deles seguem até hoje guardados em um pequeno cofre de vidro na mesma gruta, perto de onde foi erguido um pequeno altar com uma estátua de Nossa Senhora de Lourdes.

Em 2004, a equipe do IAP acrescentou que a gruta está “situada a meia-encosta, no início de um profundo vale relacionado ao Arroio Pereira, afluente da margem esquerda do Rio das Antas”, para onde corre a água de uma nascente locada na parte superior da gruta. Nela, cai numa pequena cachoeira.  Na porção mais interior da gruta, entre as diversas estátuas dos santos edificados, encontram-se várias reentrâncias na rocha, as quais, segundo os estudos e os dados arqueológicos já produzidos por essa e outras pesquisas, serviam para a deposição dos mortos deste grupo humano que habitou o Planalto. O material ósseo depositado na urna de vidro que fica em exposição na gruta não sofreu análise dos especialistas do IAP, porém, o retirado do sítio e que está em poder do Museu Paroquial de São Marcos revelou a existência de, no mínimo, dois indivíduos adultos.

Fonte: Corteletti, Rafael. Patrimônio arqueológico de Caxias do Sul / Rafael Corteletti. – Porto Alegre: Nova Prova, 2008.

 

OS MISTÉRIOS DA TOCA SANTA

Relatos da professora Maria Elena Santini Gomes publicados no livro Raízes de São Marcos e Criúva.

Na localidade de Boqueirão, na propriedade da minha família, está localizada a gruta conhecida como Toca Santa. A vegetação em torno dela é constituída pela floresta com algumas araucárias. Sobre a gruta, deságua uma fina cachoeira, originando um pequeno córrego.

Há aproximadamente 150 anos, o Fazendeiro Francisco Silveira Gomes (meu tataravô) descobriu esta gruta. Quando campereava nas proximidades da gruta, via no alto de um pinheiro centenário, um gavião que chorava. Gavião que chora, na linguagem do campo, é gavião que pia com insistência. A visita da ave, que parecia sofrer, fez com que Francisco investigasse e, então, deparou-se com uma gruta, que continha em seu interior muitos ossos humanos. Francisco Silveira Gomes impressionou-se com o fato, achando que o canto do gavião era alguma mensagem. Reuniu a família e na gruta rezaram. E a ave nunca mais se fez ver. O estranho acontecimento aguçou a curiosidade da população local, e a gruta, depois de sofrer algumas melhorias, passou a chamar-se Toca Santa. Ninguém naquela ocasião soube precisar a origem da ossada, deduziram que fossem de índios mortos a tiros. Muitos anos depois, quando a gruta já era lugar de religiosidade dos fazendeiros vizinhos, o pinhal fronteiro foi vendido. Seu Francisco reservou o pinheiro da gruta para não ser derrubado, mas os madeireiros não respeitaram o acordo e o derrubaram.

Depois de alguns anos, quando o que restava do pinheiro começou a apodrecer, foram encontrados muitos pedaços de ferro com que se carregavam as armas de antigamente. Isso reforçou a ideia de que os ossos eram de índios massacrados. Mas hoje, com constantes estudos científicos realizados com arqueologistas, biólogos, geólogos e historiadores, a pedido do Pe. Osmar Possamai, foi constatado que os ossos são de índios Caingangues que habitavam a região entre os anos 1.100 e 1.400. Portanto, possuem aproximadamente de 600 a 1000 anos.

Os estudos dos ossos foram feitos no Instituto Ancheitanos de pesquisa da Unisinos, por meio da análise do Carbono 14. Essa técnica química permite estipular a data aproximada de materiais orgânicos.

A Toca Santa é um cemitério indígena. Conforme relatos, a região possuía sítios indígenas. Os ossos que passaram por estudos são de indivíduos adultos e encontram-se relativamente preservados no Museu Paroquial de São Marcos. Informações indicam que vários ossos teriam sido recolhidos por moradores locais da região, fato que pode ter afetado negativamente o conjunto arqueológico.

Conforme o livro "O Anjo Branco', de Fidélis Dalcin Barbosa, na época da estiagem, eram feitas procissões até a gruta, chefiadas por um senhor cor escura e com limitação em uma perna,  que se chamava Justino Perna-de-pau", e por Manoel Leite. Ajoelhados, diante dos restos mortais existentes na gruta, Justino e seus companheiros de romaria rezavam com fé pelas almas dos corpos ali sepultados. E todas as vezes, absolutamente todas, a chuva caía, acabando com o flagelo da seca.

Um fato recente ocorreu quando nossa família estava ali reunida, rezando, e caía da cachoeira um fino fio d'água. À medida que rezávamos, a água caída aumentava o volume. Esse fato nos impressionou muito.

Ao longo dos tempos, devido ao grande prestígio alcançado, aliado à fervorosa devoção religiosa presente nesse lugar, D.José Baréa, primeiro bispo de Caxias do Sul, e depois o vigário Frederico Tuufer, dedicaram a gruta a Nossa Senhora de Lourdes.

Os devotos, através de graças alcançadas e como prova de recompensa e gratidão, doam objetos, quadros, imagens de santos e santas, que ficam ali expostos, contribuindo para enaltecer o sentido de fé e religiosidade passados por esse local.

Foto: Ana Rech