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Líderes da 3ª Légua

Associações foram fundamentais para o desenvolvimento da Terceira Légua

Enquanto a Terceira Légua ia escrevendo a sua história de desenvolvimento, alguns moradores viviam uma dupla rotina. Além de se preocuparem com seu trabalho, sua família e tudo que faz parte do dia a dia de alguém em idade produtiva, eles também estavam entre os pioneiros a se dedicar voluntariamente a associações que foram fundamentais para que várias conquistas pudessem ser comemoradas. O ex-seminarista e professor Arnaldo Poletto trabalhou com pelo menos quatro lideranças que foram essenciais para o crescimento dessa localidade de Caxias do Sul e, é claro, também deixou a sua contribuição, atuando tanto na Associação dos Moradores e Amigos da Terceira Légua (Amate), quanto na Associação de Turismo Estrada do Imigrante (Assotur).

Um dos personagens indispensáveis para que a Terceira Légua tivesse marcos fundamentais para o seu desenvolvimento foi Henio Adamatti. Poletto conta que ele se deu conta muito cedo que, para pleitear serviços junto à prefeitura de Caxias do Sul, era indispensável que a comunidade estivesse organizada. “Ele foi o fundador da Associação de Moradores. Chamou as pessoas para conversar e explicou que era preciso uma formalização. Os moradores concordaram e ele criou a associação, com tinha presidente, vice e um representante de cada uma das seis comunidades da Terceira Légua”, relata Poletto.

As reuniões eram mensais e, em cada uma delas, os representantes apresentavam as demandas. Adamatti partia em busca de soluções e sua dedicação resultou em vários pedidos atendidos. Entre eles, no final da década de 1980, esteve a telefonia. A vida era difícil sem essa comunicação. “O Henio tinha telefone, mas era um dos únicos. E ele pensava que não adiantava apenas ele ter, porque quando precisava falar com uma pessoa da comunidade, era impossível”, lembra Poletto. Quando foi em busca de informações sobre como instalar uma central na Terceira Légua, Adamatti descobriu que precisava ter no mínimo 50 a 100 sócios. Mas ele queria mais, precisava que toda a comunidade tivesse a oportunidade de falar ao telefone de casa. E conseguiu. “Ele negociou para baratear o custo e integrou todo mundo. Eram uns 300 quilômetros de cabos telefônicos”, completa.

Os cabos foram envelhecendo, foi preciso cuidar da manutenção e, é claro, de muitas outras demandas menores que iam acontecendo sem parar. “Se um telefone parava de funcionar, o morador já dava um jeito de ligar de outro e reclamar. Quando eu fui presidente, também acontecia. É um trabalho voluntário que exige bastante”, ressalta Poletto. Mas Adamatti dava conta e seguia tanto resolvendo questões do dia a dia, quanto buscando grandes realizações. O asfalto foi mais uma delas. O primeiro passo foi conseguir o alargamento da estrada, o que aconteceu com a ajuda da comunidade. Depois, as obras foram sendo feitas, em partes. “Quando ele começou a se mobilizar, o asfalto acabava antes da Visate. Primeiro, conseguimos até o Oriental, depois outra parte e, posteriormente, com a chegada da Eletrobrás, mais uma etapa”, recorda Poletto.

A chegada da Eletrobrás foi vista por Adamatti como uma grande oportunidade. Ele foi a Porto Alegre conversar com os responsáveis com uma proposta pronta: ou a empresa entregava o asfalto como contrapartida, ou a comunidade se mobilizaria contra a instalação, porque estava claro que haveria forte impacto na paisagem. O governo topou e ele comemorou mais uma conquista. Com essa trajetória e os contatos que foi construindo ao longo da vida, acabou sendo eleito vereador em 1992. Licenciou-se da Câmara para assumir as secretarias de Agricultura e, também, de Serviços Públicos e Urbanos, na gestão do prefeito Mario David Vanin (1993-1996). Faleceu em janeiro de 2019 sem, segundo Poletto, nunca perder o vínculo com a comunidade da Terceira Légua. A

Assim como ele, outras lideranças foram fundamentais na história dessa localidade. Valmor Sirtoli está entre elas e, em novembro de 2022, recebeu o reconhecimento de nomear um dos lindos caminhos da Terceira Légua. Ao inaugurar uma etapa de quatro quilômetros de asfalto, a administração de Adiló Didomenico oficializou que a Estrada Municipal passaria a se chamar Estrada Municipal Valmor Sirtoli. Esse é um reconhecimento a alguém que lutou muito para o desenvolvimento do turismo, estruturação na Gruta da Terceira e  para que esse lugar tivesse pavimentação asfáltica.

Ele não viu a placa instalada, mas é merecedor da homenagem póstuma, também, por tudo que fez pelo turismo. Foi um dos primeiros empresários a acreditarem no movimento de Ivo Posser e Luiz Brambatti, que deu início à Assotur. “O Henio não se envolveu tanto com o turismo, foram eles três que acreditaram que a comunidade poderia se destacar nessa área e trabalharam por isso”, relata Poletto. Professor, Brambatti - que posteriormente se formaria doutor em Turismo - reuniu a comunidade e deu uma “aula" da sua crença no setor turístico como uma atividade que protegeria o território e impulsionaria a economia. O primeiro passo foi oferecer um curso para quem quisesse abrir a sua propriedade aos visitantes e, a partir dele, nasceu a associação. “As Casas Bonnet e a Vinícola Grutinha, do Valmor Sirtoli, entraram bem no início e impulsionaram a atividade”, acrescenta Poletto. Ambas seguem até hoje recebendo turistas.

 Paralelamente à promoção dos atrativos que ficavam no roteiro Estrada do Imigrante, a Assotur promovia eventos. A Festa da Colheita e e Expochácara foram alguns dos cases que ficaram daquela época. Atualmente, elas não existem mais, mas diversos lugares estão integrados ao roteiro e agregaram o turismo nas suas atividades principais, ligadas principalmente ao agronegócio. A preservação dos costumes, com móveis, roupas e casas disponíveis para visitação, é outro motivo de atração de visitantes. Enquanto Henio lutava por infraestrutura, os demais conscientizavam sobre os benefícios do turismo e preparavam lugares como a Gruta, que recebeu escada, um lindo trabalho com pedras e o que mais foi considerado necessário. A partir dessa transformação, a estrada que um dia foi caminho para os imigrantes, hoje mantém a sua importância contando as histórias vividas por eles.

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Mapa: Marivania L. Sartoretto

Ano: 2025

Para citar

SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Associações foram fundamentais para o desenvolvimento da Terceira Légua.  Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo. Caxias do Sul. 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/boca-de-sino

Referências

Depoimento:  Arnaldo Poletto e Marcelo Sirtoli