Família Cipriano
Conheça a história de Cipriano e Maria Isabel Oliveira, afrodescendentes de Vila Seca 
A história da família de Cipriano José de Oliveira e Maria Isabel Oliveira é uma entre várias trajetórias construídas pelos afrodescendentes no território onde fica Caxias do Sul e começa em outro município. Maria Isabel Oliveira nasceu 1953, em Vacaria, e mudou-se para o distrito caxiense de Vila Seca com três anos de idade. Por aqui, conheceu Cipriano, natural de Vila Seca, nasceu em 25 de outbro de 1923, também era um afrodescendente.
Ele trabalhou em uma propriedade por 30 anos, fazendo todos os serviços necessários. Quando casou-se com Maria Isabel no ano 1968, saiu de lá e, como pagamento pelos anos de dedicação, recebeu um triângulo de terra com um “puxado" (palavra que ela usa para se referir à casa). “A família dele sempre morou em Vila Seca, o meu sogro vivia por aqui e contava que é possível que os ancestrais do Cipriano tenham chegado no período das sesmarias”, diz ela. Os sogros, Lidorino e Maria Adelina, nasceram na década de 1920 e, por conta disso, ela entende que existe a possibilidade de terem atuado nas fazendas de gado, mas não pode dar certeza sobre essa informação.
Cipriano está entre as crianças, com os pais Maria Adelina e Lidorino. Decada de 30. Fotógrafo não identificado. Acervo: famíliar
A vida dos afrodescendentes era diretamente ligada às fazendas. Quando conheceu Cipriano, tanto ele quanto ela trabalhavam em plantações, o que seguiu acontecendo depois do casamento, realizado quando Maria Isabel tinha 15 anos. “Quando nós casamos e o Cipriano saiu da propriedade, o senhor não tinha dinheiro para pagar por 30 anos de serviço e, então, ofereceu esse triângulo, que ficava fora das terras dele. Reuniu toda a família dele e informou que daria para o Cipriano como pagamento dos anos trabalhados. E aí viemos viver nesse cantinho aqui”, recorda. Ela não sabe dizer o tamanho, porque foi um acordo na palavra, sem escritura, e os documentos estavam sendo feitos na época da entrevista. “Era tudo no fio do bigode”. Em 2024, quando a conversa aconteceu, ela estava com 71 anos, portanto, já vivia nestas terras há 56.
Ao centro Maria Isabel Oliveira, lado esquerdo a filha Ana e ao lado direito neta Isabel. Ano 2024, local Vila Seca. Foto Marivania Sartoretto.
Depois do casamento, ambos seguiram trabalhando como diaristas. Cipriano viveu até 2005, e Maria Isabel segue sua vida na propriedade, o casal teve sete filhos, cinco deles construíram suas casas nessa mesma terra. “Aqui tem cinco, acho que é o sonho de toda a mãe ter eles próximos, né? Os outros dois uma mora em Fazenda Souza e outro em Vila Seca”, explica. Hoje, ela é aposentada e lembra que passou a vida trabalhando com agricultura, como diarista. “Eu e meu marido trabalhávamos aqui perto, eu sempre ganhei meu dinheiro, era muito bom”.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Conheça a história de Cipriano e Maria Isabel Oliveira, afrodescendentes de Vila Seca. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/familia-cipriano
Referências
Depoimento de Maria Isabel Oliveira, moradora de Vila Seca