Fazenda do Raposo
Território de Vila Oliva e Santa Lúcia do Piaí fica onde era a sesmaria Fazenda do Raposo
O território onde atualmente fica os distritos caxienses de Vila Oliva e Santa Lúcia do Piaí, no passado, fez parte da extensa sesmaria da Fazenda do Raposo. Conforme o tempo foi passando, ela acabou sendo dividida. Mas antes de entrar nesse detalhamento, é importante explicar o que era uma sesmaria. Esse sistema de distribuição de terras vigorou entre 1534 e 1822, e as sesmarias eram lotes de terras distribuídos a beneficiários em nome do rei de Portugal com o objetivo de cultivar terras virgens. Largamente utilizada na época do Brasil colonial, a sesmaria teve sua origem como medida administrativa no fim da Idade Média, em Portugal.
Uma sesmaria era constituída de 80% do território de uma capitania hereditária e está na origem do que hoje conhecemos como latifúndio. O sesmeiro recebia as terras e precisava cumprir alguns deveres de cultivo durante um tempo estipulado na Carta de Sesmaria, o documento que oficializava a distribuição da terra. No caso da América, o tempo era de cinco anos de cultivo e pagamento de impostos à Coroa Portuguesa, porém, esse prazo dificilmente era cumprido. Os sesmeiros também descumpriam a regra de alugar, arrendar ou vender e era comum que outras pessoas, chamadas de posseiros, ficassem responsáveis pelo cultivo, o que dificultava a fiscalização da Coroa.
Por aqui, tudo isso também aconteceu. Um dos primeiros proprietários da área da Fazenda do Raposo foi o sorocabano Antônio Francisco Lisboa. Em 1766, ele vendeu para Francisco José de Olivera Raposo “um rincão de matos e campos equivalentes a uma sesmaria de 13 mil hectares aproximadamente”. Na sequência, a partir de posses legais e ilegais, heranças e partilhas, a fazenda teve os seguintes proprietários: Pedro Ferreira de Carvalho, Luiz José da Fontoura Palmeiro, José Carvalho Bernardes, Manoel Eugênio de Oliveira Soares, Diogo de Araújo Quadros e Felisberto Baptista.
No início do século 20, aconteceram novas divisões e algumas partes foram vendidas para as famílias Alves de Medeiros, Pereira, Amaral e Soares. Em outro momento, novas comercializações. Dessa vez, para as famílias Pereira, Vargas, Moura, Amaral, Pedroso e Silva. Os novos imigrantes foram se misturando a quem estava ali antes e isso também contribuiu para outras divisões. Dessa forma, começaram a surgir pequenas propriedades entre Vila Oliva e Santa Lúcia do Piaí. No censo produzido pela Diretoria de Estatística em 1920, são citados diversos proprietários da área chamada de Raposo. São eles: Francisco Andreazza, Silvano Daneluz, Manoel Ignácio Fogaça, João Guerreiro, João Francisco Lahm, Firmino Francisco de Medeiros, Gabriel de Moura, Balbino Antonio de Oliveira, José Soares, Manoel Eugênio de Oliveira Soares, Maria Isabel de Oliveira, José Christino Ramos, João Antônio da Rocha, Belisário Baptista Soares, Blandina Soares e Francisco de Paula Soares de Oliveira.
Apricipal ocupação conforme descritos nos documentos de compra e venda era a pecuária e agricultuta. A serviço era realizado por afrodescendetes através da mão de obra escrava.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Território de Vila Oliva e Santa Lúcia do Piaí fica onde era a sesmaria Fazenda do Raposo. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/fazenda-do-raposo
Referências
ALVES, L. A. Três sesmarias do século XVIII em Caxias do Sul. In: Caxias Centenária org. Loraine Slomp Giron, Roberto Revelino Fogaça do Nascimento. Caxias do Sul: EDUCS, 2010
ALVES, Luis Antônio. Maragatos em Caxias do Sul.Caxias do Sul, RS: Evangraf, 2015. 120 p.
POSSAMAI et al, O. J. Raízes de São Marcos e Criúva. Porto Alegre, RS: Editora EST, 2005. 912 p.
GIRON, Loraine Slomp. Presença africana na Serra Gaúcha: subsídios. Porto Alegre: Letra e Vida, 2009.