
Vivita Cartier
Por Júlio Calegari - [1], Domínio público, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=68522967
Vivita Cartier viveu seus últimos sete anos em Criúva
Considerada uma das principais poetisas gaúchas, Vivita Cartier teve uma forte ligação com Criúva. Ela nasceu em 1893, em Porto Alegre, e faleceu em 1919, sete anos depois de se mudar para o distrito caxiense em busca dos ares serranos que poderia aliviar o seu sofrimento por conta da tuberculose. Por lá, chamava atenção dos moradores de Criúva com o seu hábito de, durante o outono, costurar as folhas secas de volta aos galhos. Esse era um ritual simbólico de quem estava vendo a sua vida ir embora, enfraquecida pela doença.
Sua trajetória e sua relação com o distrito foram registradas em livro, peça de teatro e documentário. Vivita foi uma das primeiras poetisas do Rio Grande do Sul e uma protagonista da cultura e das artes, estando à frente das mulheres que viveram no seu tempo. Na descrição dos materiais, ela é citada como um “expoente em diversas linguagens que tem sua memória pouco estimada, também pelo fato de ter vivido no distrito rural de Criúva, interior de Caxias do Sul e um lugar com patrimônio cultural a ser revelado e preservado.
Sua vida foi breve - ela faleceu com 26 anos -, mas, conforme escreve Marcos Fernando Kirst em "O Ocaso da Colombina - A Breve e Poética Vida de Vivita Cartier”, "o vigor da sua obra e o mito florescido em torno de seu nome colaboram para manter viva a sua memória com o passar das décadas, a ponto de a escritora ser patrona de cadeiras em duas academias literárias no Rio Grande do Sul e nominar o prêmio literário anual de Caxias do Sul”. Entre as muitas ações que realizou ao longo da vida, está a recuperação e transformação do Carnaval em Porto Alegre, no início do século 20.
O autor destaca também que, em Criúva, era conhecida como “A Noiva do Sol”. A motivação do apelido era o fato de sempre trajar vestes brancas, "configurando um personagem que atiçava a imaginação dos contemporâneos, ao cavalgar seu cavalo zaino batizado "Bergerac" e costurar de volta aos galhos das árvores as folhas secas caídas no outono, como uma espécie de metáfora do esforço pungente de prolongar a continuidade da vida, essa mesma força vital que via esvair-se de si com o avançar da doença”.
Com o objetivo de oferecer mais referências a quem quiser se aprofundar, reproduzimos a seguir um dos poemas de Vivita Cartier. E, na sequência, os links para o livro e para o documentário.
Vivita Cartier viveu seus últimos sete anos em Criúva
PRIMEIRO BEIJO
Sentados juntos, ele lhe falava
Com doçura sincera e inspirada
Enquanto enrubescendo ela escutava.
Ridente, gentilissima, animada,
Longe bem longe harmoniosa vibrava
Voluptuosa e doce serenata.
Lenta caía a tarde e faiscava
No olhar deles chama apaixonada.
Então os lábios: os olhos falaram
De maneira macia, e longamente,
Num tão intenso modo enredador
Que trêmulos os rostos se chegaram…
E foi profundo, ardente, apaixonado,
Esse primeiro beijo só de amor!
(Criúva, 04/1915)
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto. Foto da Cia Celulose arcervo Renan Daneluz.
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Vivita Cartier viveu seus últimos sete anos em Criúva. Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo. Caxias do Sul. 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/vivita-cartier
Referências
KIRST, Marcos Fernando. O Ocaso da Colombina - A Breve e Poética Vida de Vivita Cartier. Editora São Miguel. 2019 (https://www.amazon.com.br/Ocaso-Colombina-Po%C3%A9tica-Vivita-Cartier/dp/8563262505)
Documentário “Vivita - Memórias e Patrimônio de Criúva” https://www.youtube.com/watch?v=HDK5phGzaMQ