
Rotas dos Tropeiros
Estar na rota dos tropeiros contribuiu para o desenvolvimento de Caxias do Sul
No século 17, o desenvolvimento de Caxias do Sul esteve diretamente ligado ao tropeirismo. O roteiro feito por essas pessoas que levavam gado e mercadorias de um lado para outro passava pelo território onde hoje fica o nosso município, nos Distritos de Vila Oliva, Vila Seca e Criúva e incentivava a abertura de comércios, hospedagens e lugares destinados ao descanso dos animais. O primeiro nome de Fazenda Souza, inclusive, tem total relação com essa atividade. Antes de ter essa denominação, se chamava Pouso Alto, devido à pousada de Ignacio Souza Correa, um fazendeiro de São Paulo que montou uma estrutura para receber os tropeiros. Posteriormente, o distrito receberia um dos seus sobrenomes e passaria a se chamar Fazenda Souza.
Segundo Luís Antônio Alves, Pouso Alto era uma parada que ficava na rota da Ponte do Raposo (Vila Oliva, divisa com Gramado) até a Ponte dos Kroeff (Criúva, divisa com Vacaria). “O ponto estratégico ficava próximo a uma encruzilhada na qual se encontravam dois caminhos: um que acompanhava o trecho Sul/Norte, como rota secundária em direção a Vacaria, Lages, Paraná e São Paulo, e uma picada que se encontrava na estrada geral com destino ao litoral”, escreve ele. Atualmente, complementa Alves, essa encruzilhada fica na comunidade de São Roque, em Fazenda Souza.
As viagens eram longas e, entre os caminhos mais comuns, estavam os percursos que saíam do Uruguai, da Argentina ou do Rio Grande do Sul e iam até Sorocaba, no Estado de São Paulo, onde era realizada uma famosa feira de animais. Por muitos anos, tropeiros circularam pelo território de Caxias do Sul levando gado para lá e contribuindo para surgimento de povoados como Vila Seca e Criúva. Havia também quem viajava a Minas Gerais para vender mulas e mercadorias na região do ouro.
As tropas eram grandes, chegando a ter centenas de mulas. Esses animais suportam até 120 quilos e podem caminhar até 40 quilômetros por dia carregados. Como qualidades, ainda têm a capacidade de perceber e evitar perigos. A madrinha da tropa era a mula mais experiente, que seguia na frente, com um sino no pescoço e a função de identificar o melhor caminho e guiar a tropa. Por conta desse grupo de características, durante muitos anos, as mulas foram as grandes companheiras dos tropeiros nas rotas entre o sul e o centro do Brasil.
Com o passar dos anos as rotas foram mudando os seus trajetos e também os produtos, inicialmente tropa de gado e mulas, depois por mercadorias com a chegada dos novos imigrantes europeus os produtos e as rotas mudaram e contribuíram com desenvolvimentos do nosso município.
Rota dos tropeiros - Monumentos das Mulinhas
A mulinha é o símbolo da Rota dos Tropeiros, a construção representa os tropeiros desta terra idealizada pela Associação dos Muleiros da Serra Gaúcha. A mula de carga simboliza o esforço e trabalho dos tropeiros e das comunidades que contribuíram com o desenvolvimento da região. O monumento da mulinha existe nos distritos caxiense de Vila Oliva, Vila Seca e Criúva, demarcando o trajeto da antiga rota.
Os monumentos, de 1,5 metro de altura, feitos em concreto, foram confeccionados pela Oliveira Estátuas, de Osório.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ilustração: Obra de Rafael Dambros com orientações de Orson Soares e curadoria de Marivania Sartoretto. Ano 2024
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Estar na rota dos tropeiros contribuiu para o desenvolvimento de Caxias do Sul. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em:
Referências
ALVES, Luis Antônio. Cidades Tropeiras: regiões sul do Brasil. Luiz Antônio Alves e Sandra Maria Schmith Alves. Porto Alegre, RS: Evangraf / Criação Humana, 2018. 72 p