Se você já tem cadastro
Se você é novo por aqui
Você é
CLIENTE ANUNCIANTE
Incluir, mostrar e destacar a sua empresa, produtos e serviços. Inclui autorização para cadastrar eventos.
PROMOTOR DE EVENTOS
Cadastro para poder incluir eventos na agenda.
Deve ser no nome do promotor responsável pelo evento.
Presença japonesa em Vila Oliva

Presença japonesa em Vila Oliva

Conheça a linha história da Colônia Japonesa que existiu em Vila Oliva
Presença japonesa em Vila Oliva

O legado dos japoneses na horticultura de Caxias do Sul 

A presença japonesa em Vila Oliva teve uma grande importância para o desenvolvimento de Caxias do Sul e é desconhecida de boa parte da população. Os casais Jujiro Hirano e Yoshie Hirano; e Tsutomu Kamitoyo e Yasuko Kamitoyo estiveram entre as famílias que imigraram para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1960 e 1970. Eles vieram em Vila Oliva por cerca de 10 anos e fizeram uma parceria com a família de José e Josephina Bolson. Já com mais de 85 anos de idade, Josephina tem a lembrança dessa história clara na memória.

Segundo ela, os japoneses chegaram na década de 1970 com o objetivo de plantar verduras, algo que não acontecia por lá. “Nós só cultivávamos trigo e milho, ninguém em Vila Oliva plantava verdura em grande quantidade e, por isso, o meu marido ficou desconfiado e resistente”, conta. Ela, porém, achou que era o caso de aceitar a parceria que estava sendo proposta pelo japonês e respondeu que eles plantariam, sim, mas era necessário que lhes ensinassem como fazer e que eles não tinham dinheiro para pagar as despesas. “O meu marido não queria, mas acabou aceitando. Naquela época, eu tinha uma filha pequena e a levava junto, em um cesto, para a área onde comecei a preparar canteiros para o plantio de repolhos”, relata.

Jujiro Hirano tinha experiência, porque havia plantado hortis durante boa parte da sua vida. Quem conta isso é o seu genro, Kaneyoshi Ueno. Hirano ensinou a Josephina como proceder e, desde o início, a ideia deu certo. Os cultivos de repolho foram sendo ampliados e, com o tempo, ela passou a plantar também moranga. Os casais japoneses não entendiam apenas do plantio, mas também da colheita e do processo de venda, então negociaram com a CEASA de Porto Alegre, que recebia a produção. Como a demanda não parava de crescer, eles acabaram propondo parcerias também para outros moradores de Vila Oliva e incluíram na sua produção cenoura, beterraba, tomate e outros cultivos. “Ao chegar ao Brasil, primeiro o meu sogro se estabeleceu em Viamão, na década de 1960, e apenas na seguinte ele veio a Vila Oliva”, detalha.

A parceria estava fluindo tão bem, que Kaneyoshi Ueno inclusive escolheu as terras deles como cenário do seu casamento com Shigeko Hirano, filha de Jujiro e Yoshie Hirano. Eles se casaram em 1974 e, no ano seguinte, a mãe de Jujiro, Shiuo Hirano, faleceu. A conexão com o lugar já estava tão consolidada, que ela foi enterrada no cemitério de Vila Oliva. Toda essa história está ligada à força que Caxias do Sul tem hoje na horticultura. Conforme Valdir Susin, que por muito tempo foi presidente do Sindicato Rural, os japoneses tiveram a sua importância na introdução dessa atividade inclusive em outros distritos. Ele destaca que, a partir da visão dos japoneses, o município foi se desenvolvendo nesta área, melhorou os cultivos e se tornou referência. Atualmente, Caxias do Sul é um grande produtor de beterraba, cenoura, repolho, couve e brócolis, entre outros cultivos. Juntos, os distritos abastecem grande parte da CEASA da Capital, de Caxias do Sul e de outras regiões, enviando seus produtos para vários lugares do Estado e do país.

Repolhos e moranga cabutiá. Casamento de  Kaneyoshi Ueno e Shigeko Hirano com o casa José e José e Josephina Bolson. Ano de 1974. Foto acervo de Josephina Bolson

É fundamental destacar que os japoneses tiveram uma grande e significativa contribuição para a introdução do horti não só em Vila Oliva, mas também em outros lugares de Caxias do Sul e da região. Por conta do conhecimento, do trabalho e da atitude deles em buscar as parcerias, os cultivos foram introduzidos em escala maior, o setor foi se desenvolvendo e chegou ao ponto de tornar Caxias do Sul referência em hortifruti no Estado e no país.           

Após esse tempo de atuação em Vila Oliva, segundo Ueno, Jujiro e Yoshie Hirano se mudaram para Flores da Cunha e seguiram plantando verduras. Na década de 1990, compraram um terreno em Nova Petrópolis e, por lá, passaram a plantar apenas hortaliças para consumo próprio e, especialmente Ueno, ao plantio de flores. Jujiro faleceu em 13 de julho de 1999, e Yoshie, em 11 de setembro de 2020.

O legado deles, porém, segue vivo até hoje em Caxias do Sul e não somente no interior, mas também na área urbana. Quando os sogros se mudaram para Flores da Cunha, Kaneyoshi Ueno também foi viver lá com a esposa, e eles começaram a plantar flores, mais especificamente crisântemos e cravos. Um tempo depois, compraram também uma área de terras em Nova Petrópolis, para seguir com esse trabalho, o que os levou a trazerem para a Serra Gaúcha uma quantidade de mudas de plantas de cerejeira, a árvore que é símbolo do Japão. Eles a plantaram em diversos lugares de Nova Petrópolis e, posteriormente, elas foram colocadas também Avenida Júlio de Castilhos, em Caxias do Sul, na gestão do prefeito Pepe Vargas. Por meio delas, a história dos japoneses segue preservada e florescendo.

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul. 

Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Fotos: Marivania L. Sartoretto

Ano: 2025

Para citar:

SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula.O legado dos japoneses na horticultura de Caxias do SulPatrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo. Caxias do Sul, 2025. Disponível em:https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/presenca-japonesa-em-vila-oliva

Referências

Depoimentos de Josephina Bolson, Kaneyoshi Ueno e Valmir Susin

Anotações de Renan Daneluz