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O impacto da expansão Tupi-Guarani

O impacto da expansão Tupi-Guarani

O impacto da expansão Tupi-Guarani

Figura1. Guaranis na roça da TI Tenondé Porã. Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/na-maior-cidade-do-pais-resiste-a-agricultura-guarani/

Durante muito tempo, acredita-se que a chegada dos Tupi-Guarani ao sul, trazendo consigo cultivos tropicais e a prática da agricultura de corte e queima de sua terra natal no sudoeste da Amazônia, teria desencadeado um processo de Neolitização que levou à adoção da agricultura pelos coletores locais (Ottonello e Lorandi, 1987; Rodríguez, 1992; Schmitz, 1991; Schmitz e Becker, 1991; Schmitz et al., 1991). No entanto, hoje sabemos que as plantas cultivadas já estavam disponíveis para os grupos da bacia do Rio da Prata muito antes dos Tupi-Guarani se estabelecerem na área (conforme Iriarte, 2006; Iriarte et al., 2004).Além disso, plantas como a mandioca (Shock et al., 2013) e o milho (Prous et al., 1991; Resende e Prous, 1991) já estavam presentes no Brasil Central desde pelo menos 4000 AP, o que sugere que esses recursos estavam disponíveis para os grupos Jê antes mesmo de iniciarem sua expansão para o sul.

 
Figura2: Colheita do milho na aldeia Kalipety. Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/na-maior-cidade-do-pais-resiste-a-agricultura-guarani/

Apesar de as práticas agrícolas não serem desconhecidas antes da chegada dos Tupi-Guarani, a expansão desse grupo marcou a adoção generalizada da agricultura no sudeste da América do Sul. Eles trouxeram consigo 13 variedades de milho, 15 variedades de feijão e 21 variedades de batata-doce, além de outras plantas cultivadas (Noelli, 1993). O ritmo dessa expansão também é notável: com base nas datas disponíveis para o sul do Brasil e nas distâncias envolvidas, Rogge (2005) calcula uma taxa de expansão de 0,8 a 1 km por ano, semelhante à do Neolítico na Europa, associada provisoriamente a um modelo de onda de avanço.

Figura3. Menino Guarani na roça de milho consorciada com mandioca em aldeia na TI Tenendé Porã. Fonte: https://outraspalavras.net/outrasmidias/na-maior-cidade-do-pais-resiste-a-agricultura-guarani/

 

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania Sartoretto

Texto produzido por: Rafael Corteletti Mestre em História e Doutor em Arqueologia

Revisão Texto: Paula Valduga

Referências

Iriarte, J. (2006). Landscape transformation, mounded villages, and adopted cultigens: the rise of early Formative communities in southeastern Uruguay. World Archaeology 38, 644-663.https://doi.org/10.1080/00438240600963262

Iriarte, J.; Holst, I.; Marozzi, O.; Listopad, C.; Alonso, E.; Reinderknecht, A., Montaña, J. (2004). Evidence for cultivar adoption and emerging complexity during the mid-Holocene in the La Plata basin.Nature, 432 (2), 614-617. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nature02983

Noelli, F.S. (1993). Sem Tekohá não há Tekó: em busca de um modelo etnoarqueológico da subsistência e da aldeia Guarani aplicado a uma área de domínio no delta do Jacuí-RS. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Disponivel em: http://www.etnolinguistica.org/tese:noelli-1993

Ottonello, M., Lorandi, A.M. (1987). Introducción a la Arqueología y Etnología, EUDEBA, Buenos Aires.

Prous, A., Junqueria, P.A., Malta, I.M., Chausson, Y. (1991). Métodos de escavação, estratigrafia arqueologica e datações. Arquivos do Museu de História Natural, Universidade Federal de Minas Gerais 12, 67-83.

Resende, E.T., Prous, A. (1991). Os vestigios vegetais do grande abrigo de Santana do Riacho. Arquivos do Museu de História Natural, Universidade Federal de Minas Gerais 12, 87-111.

Rodríguez, J.A. (1992). Arqueología del sudeste de Sudamérica, in: Meggers, B.J. (Ed.), Prehistoria Sudamericana: Nuevas Perspectivas. Taraxacum, Washington D.C., pp. 177-209.

Rogge, J.H. (2005). Fenômenos de Fronteira: um Estudo das Situações de Contato entre os portadores das Tradições Cerâmicas Pré-Históricas no Rio Grande Do Sul. Pesquisas, Antropologia, 62. São Leopoldo: IAP – UNISINOS. 120p. Disponível em: https://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/antropologia/volumes/062.pdf

Schmitz, P.I., Becker, Í.I.B. (1991). Os primitivos engenheiros do planalto e suas estruturas subterrâneas: a tradição Taquara.Arqueologia do Rio Grande do Sul, Brasil, Documentos 05, IAP-UNISINOS, São Leopoldo, pp. 67-105. Disponível em:https://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/documentos/documentos05.pdf

Schmitz, P.I., Naue, G., Becker, Í.I.B. (1991). Os aterros dos campos do sul: a tradição Vieira, in: Kern, A.A. (Ed.), Arqueologia Pré-histórica do Rio Grande do Sul. Mercado Aberto, Porto Alegre, pp. 221–251.Disponível em:https://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/documentos/documentos05.pdf

Schmitz, P.I. (1991). Migrantes da Amazônia: a tradição Tupiguarani, in: Kern, A.A. (Ed.), Arqueologia Pré-histórica do Rio Grande do Sul. Mercado Aberto, Porto Alegre, pp. 295–330.Disponível em:https://www.anchietano.unisinos.br/publicacoes/documentos/documentos05.pdf