Nubitech aposta em fertilizante orgânico e mudança de mentalidade na agricultura
A busca pela solução de um problema fez com que a Serra Gaúcha descobrisse um fertilizante vegetal muito eficiente. Rodrigo Leygue-Alba, Ph.D da Nubitech, a empresa caxiense que iniciou a venda desse produto, conta que todo o processo foi desenvolvido pela Escola Família Agrícola da Serra Gaúcha (Efaserra), na Terceira Légua, em parceria com a empresa Benfield, de Garibaldi, e o objetivo era completamente outro. Porém, quando os pesquisadores viram onde haviam chegado, a alegria foi gigantesca. “Precisávamos resolver a contaminação atmosférica e freática do chorume que sai do bagaço da uva. É importante explicar que qualquer vegetal em quantidade que começa a se decompor vai largar chorume. Esse resíduo orgânico é contaminante, e o da uva é bastante concentrado”, ressalta Rodrigo.
Na época, por volta de 2007, a Nubitech nem existia, e o pesquisador trabalhava em processos biotecnológicos que possibilitassem melhorar o aspecto e o odor desse chorume, o que a equipe realmente conseguiu. Porém, havia uma surpresa reservada. “Transformamos em um cheiro que até parecia de chocolate e entendemos que essa parte estava resolvida. Porém, nos chamou atenção o quanto intensa era a cor preta desse líquido, então começamos a trabalhar com ele sobre mudas de plantas, porque era uma forma rápida de saber se ele seria um nutriente ou não”, relata Rodrigo.
Foi nesse momento que tudo mudou. Os resultados foram sensacionais. “Tínhamos obtido uma substância húmica, mas de origem vegetal. Normalmente, os ácidos húmicos são de origem mineral. Como o nosso é de vegetal, quando aplicado sobre outro vegetal, o benefício é potencializado. A matéria orgânica que esse líquido tem é muito próxima das moléculas nutrientes que a raiz precisa, esse foi o nosso grande insight”, ressalta, reforçando que classifica o momento da descoberta como “muito lindo”, já que o problema da toxicidade havia sido resolvido e, ainda, eles haviam obtido um fertilizante orgânico.
O próximo passo foi buscar regramento, porque não existia nada. Com o passar dos anos, criou-se também uma forma de comercializar, o que deu origem à Nubitech. “Posso afirmar: temos um fertilizante orgânico de primeira qualidade”, atesta. A Nubitech, porém, vai além da venda. O objetivo de Rodrigo é também divulgar uma nova mentalidade, uma nova visão agrícola. Segundo ele, alguns insumos que são colocados no solo criam condições para a melhora da produção. Isso funcionou muito bem durante diversos anos porque havia matéria orgânica no solo. Porém, quando a agricultura é feita com química, essa matéria orgânica vai salinizando e degradando o solo, que deixa de ser fértil. “Ninguém coloca fertilizante químico na Amazônia porque não precisa, há muita matéria orgânica no solo. Entretanto, 16% das terras do Brasil que são utilizadas como terras produtivas estão degradadas”, aponta.
A grande mudança de mentalidade, segundo Rodrigo, está no fato de que o fertilizante orgânico descoberto por ele e por sua equipe tem capacidade para recuperar esse solo degradado. Para isso, porém, é preciso que a mentalidade se transforme e o fertilizante químico seja substituído pelo orgânico. Para que essa mudança comece a acontecer, ele pretende promover seminários e espalhar essa consciência de diversas formas. O que o motiva a ir muito mais longe nessa pesquisa que pode ajudar o meio ambiente é o orgulho de a descoberta ter acontecido na Escola Agrícola da Terceira Légua, que faz um excelente trabalho, e uma certeza: “Se recuperarmos esses 16% de solo degradado, não precisaremos desmatar mais nada”.
Fertilizante POTOSÍ é um nutriente orgânico obtido da decomposição de resíduos vegetais garantindo uma nutrição de alta eficiência.