Foi da janela do ônibus, a caminho de um outro lugar, que Mario Pinto avistou pela primeira vez o bairro que viria a acolher o seu negócio. Era o final da década de 1980 e ele tinha um plano concreto para a sua vida. Faria um curso de cabeleireiro e abriria um salão na cidade de Feliz. Porém, não foi assim que o universo conduziu essa história. “Na época, eu pensava em me mudar de Caxias do Sul para uma cidade menor, porque aqui já tinham muitos salões e eu queria me instalar em um município mais modesto, que estivesse precisando do meu serviço”, lembra. Enquanto estudava, cogitava a cidade de Feliz, especialmente porque não ficava muito longe e havia ônibus de Caxias para lá.
E foi exatamente nesse transporte, na primeira viagem, que tudo mudou. Mario foi a Feliz para conhecer a cidade, buscar informações, conversar com as pessoas. “Não fui bem recebido por quem me atendeu, não me deixaram firme na minha escolha. Voltei preocupado e, durante essa viagem de retorno, o ônibus parou em Galópolis”, conta. Mario viu aquele lugarejo e pensou que talvez ali pudesse estar exatamente o que ele procurava. No dia seguinte, já feliz com a informação de que poderia chegar até lá com ônibus urbano, embarcou e foi dar uma volta.
As primeiras pessoas com quem conversou recomendaram que procurasse o então presidente do sindicato de Galópolis. “Contei a minha ideia para o falecido Antonio, disse que procurava um lugar para colocar um salão de cabeleireiro. Ele disse que Galópolis só tinha um negócio assim para a parte feminina e que apenas ele mesmo cortava o cabelo dos homens”, relata. Mario estava no lugar certo. A primeira sala, aberta no dia 1º de agosto de 1987, ficava dentro do sindicato mesmo, e ele ia ao bairro e voltava ao centro de Caxias diariamente. Um ano depois, vendo que o Forts Cabeleireiro e Estética ia bem e tinha futuro, decidiu se mudar para Galópolis.
A partir dali, a relação com o bairro só se estreitou. Maria Patrício Pinto (mais conhecida por Mara), sua esposa, especializou-se em manicure, depilação e maquiagem e é a responsável por essa parte no salão até hoje. Mario segue com cabelo, masculino e feminino. Dois anos depois da inauguração, já em outra sala, eles não tinham mais agenda livre. Atendiam moradores do centro de Galópolis e das capelas do interior. E ainda viram chegar um importante incremento: os casamentos. “Na década de 1990, os casamentos eram muito fortes, eu tinha muito trabalho arrumando noivas, mães, madrinhas. Era o auge das festas. Hoje, já tem menos”, compara ele. O sucesso, porém, continua, e o Forts é a escolha de quem vive em Galópolis. A filha do casal, Catiane Patrício Pinto, ainda ajuda aos sábados de tarde, atendendo as suas próprias clientes, que fazem questão dela.
Tanta proximidade com a comunidade e a vontade de retribuir um pouco do que recebeu fez com que Mario acabasse assumindo a Associação dos Moradores (AMOG) e, posteriormente, a subprefeitura. Mara seguiu o mesmo caminho e está desde 2009 na presidência da AMOG. Em 2023, foi releita para mais uma gestão, que se estenderá até 2025. “Galópolis nos acolheu e somos muito gratos por isso”, diz ela.