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Festa do Divino em Criúva

Festa do Divino em Criúva

Festa do Divino em Criúva

Realizada de fevereiro a maio.

Festa repleta de rituais e grande comemorações.

Festa do Divino em Criúva

A Festa do Divino: uma herança europeia e um momento de agregação

Por ser uma festa popular, a Festa do Divino é muito importante para os moradores de Criúva. Representa um dos patrimônios da comunidade, que foi transmitida de geração em geração, com o intuito de preservar sua força e seus ensinamentos. A origem da festa remete aos hábitos religiosos que eram cultivados em Portugal, como devoção ao Divino Espírito Santo. Sabe-se que a primeira Igreja do Espírito Santo foi criada em Portugal, na vila de Alenquer e que a história dessa devoção tem a ver com a cultura lusa e luso-açoriana. Como herança trazida pelos pioneiros lusos e luso-brasileiros, a Festa do Divino Espírito Santo tem uma origem histórica ligada ao continente europeu.

Esta festa fez parte do conjunto de elementos culturais que este povo trouxe, ao deslocar-se para outra área territorial e foi, ao longo da história, agregada aos costumes das novas regiões conquistadas. 

O culto ao Divino Espírito Santo, efeito da presença da Trindade, a “luz do Espírito Santo”, a “sabedoria”, faz parte do cristianismo sob o ponto de vista litúrgico. Seu culto ganhou espaço entre os lusos, hábito vindo da Europa para as regiões coloniais, em particular o Brasil. O culto ou autopopular da Folia de Reis, que rememora a jornada dos reis Magos, festa também trazida pelos portugueses no início da colonização as tradições populares.

Os ritos e costumes comuns da Festa do Divino

Nas versões mais recentes, pode-se verificar uma série de rituais litúrgicos e ao mesmo tempo práticas de festejo voltadas para a música e a dança. De modo objetivo, a festa em si mantém, pelo que se pode apurar, um conjunto de práticas sempre muito semelhantes, com poucas alterações entre as localidades, em especial a manutenção litúrgica.

A presença da festa na localidade de Criúva

Em se tratando da presença da Festa do Divino na região de Criúva, é necessário entender a influência de dois momentos históricos na localidade. Inicialmente, há influência da ligação dos lusos com os luso-brasileiros, que contribuíram com a inserção e a guarda do culto nos momentos mais antigos da formação. A Festa é uma marca da cultura e religiosidade da comunidade de Criúva. Há mais de 200 anos existem registros de bandeiras do Divino trazidas pelos descendentes de açorianos. Por outro lado, há influência por parte da imigração italiana no final do século XIX. Com a criação da Paróquia N. Sra. do Carmo, em 1924, anualmente tem-se registrado a grande Festa. A partir de 1971, com a chegado do Pe. Pedro Rizzon, a festa foi restaurada e ampliada, acontecendo também uma novena e uma preparação de visitas a famílias e locais diversos dois meses antes do evento.

O colaborador José Luiz Cavalli envolve-se há 10 anos com a Festa do Divino Espírito Santo e diz que aprendeu com Jorge Oliveira Rodrigues. Este, por sua vez, foi iniciador da retomada da festa na década de 70 e é elucidativo através de sua memória, ao tratar da origem da Festa do Divino na região de Criúva: Em 1970 o Pe. Pedro Rizzon assumiu a paróquia de Criúva, em 1971 ele já fez a primeira festa do Divino. Essa festa é de origem açoriana, da Ilha da Terceira, então ela é totalmente lusa (portuguesa) da região dos Açores. Ela subiu a Serra, na época, com os portugueses e, quando descobriram Criúva, que está fazendo 243 anos por aí, os primeiros registros de terra e os primeiros que adquiriram terras. Esta tradição e esta religiosidade veio desta época. 

Atualmente, a festa inicia no mês de fevereiro, quando são abençoadas e envidas para as 15 comunidade da paróquia as bandeiras do Divino. Essas bandeiras visitam cada uma das famílias da Paróquia levando a benção à casa. A Equipe de Louvação, formada por festeiros, padres e músicos, visitam até o início da novena as casas dos ex-festeiros, estabelecimentos comerciais, empresas, órgãos de governo, imprensa. Neste período procuram divulgar a Festa e levar a mensagem sobre os dons do Espirito Santo na vida cristã.

No mês de maio, acontece a grande festa. Uma novena com Santa Missa, jantar e baile atrai centenas de fiéis a cada noite. No domingo festivo, sempre no terceiro domingo de maio, o evento atrais visitantes de toda a região, que acompanham as procissões pelas ruas de Criúva, Santa Missa campal, almoço festivo, sorteio do queijo, nomeação dos novos festeiros, leilão de animais e baile.

CONFIRA PROGRAMAÇÃO DE FESTA DO  DÍVINO ( ANTES PERÍODO PANDEMIA) -  FEVEREIO A MAIO.

Paixão Côrtes escreveu um livro chamado “Folias do Divino”, no ano de 1983, onde explica a origem, o significado dos símbolos, bandeira, mastro, alferes etc. 

Segue o trecho:

“A festa anual do Divino, no Rio Grande do Sul, com as características de maior tradicionalidade no meio rural gaúcho, só a conhecemos, atualmente, no distrito de Criúva, Município de Caxias do Sul.

Ela vem sendo reativada há 11 anos graças à comunidade local e ao apoio do padre Pedro Rizzon que reavivou este folguedo, da Folia, entregando os aspectos precatórios aos gaúchos “pelo-duro”, de herança biriva-serrana, e a parte administrativa e de organização, aos descendentes de colonizadores italianos, que chegaram à região nos primórdio do atual século.

Dada a importância folclórica do tema, dirigimos uma equipe de pesquisadores e técnicos do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, integrada por (aqui vem uma lista de nomes) que gravaram entrevistas, registraram sonoramente o canto dos foliões, documentaram em fotos, dispositivos e filmes Super 8 e 16mm coloridos, os mais variados e amplos aspectos dessa tradição que vem sendo revivida, anualmente, nesse lugar.

 

Veja como acontecem as celebrações a Festa do Divino hoje:

 

COMO SE FAZ A VISITA PARA CONVIDAR PARA A FESTA

O Ritual das Visitações passou a ter a colaboração da Equipe de Louvação, integrada da seguinte forma: o Padre, Imperador e Imperatriz, Capitão do mastro e esposa, festeiro de honra, festeiros (as) e músicos.

O RITUAL

Ao chegar na casa ou na comunidade, são "comunicados" por foguetes.

O Capitão do mastro e esposa vão puxando a comitiva e a música acompanha.

O Padre saúda os moradores ou escolas, trabalhadores, etc.. . e diz a mensagem apropriada para cada ambiente e exclama no final: - A benção, ó Espirito Santo. Na sequência é iniciada a cantoria.

Ao terminar o canto, a bandeira e entregue para o responsável do grupo ou, no caso, à família representada pelo (a) dono (a) da casa. A bandeira é levada para todos os recintos e o Padre acompanha, abençoando tudo com água benta. Enquanto isto acontece, melodias populares do Divino Espírito são cantadas pelos presentes.

Após a benção, os integrantes da comitiva sempre são recebidos com “comes e bebes", onde também músicas regionais são tocadas, para que a alegria contamine o ambiente. No horário estabelecido para a visita, se faz a despedida, onde o Padre lembra a marca dos dons do Espírito Santo, e que permaneçam atuando junto a todos. Após, é executado o canto conclusivo da Louvação.

Seguindo a tradição, sempre é feita uma oferenda que inclui o convite para a Festa do Divino. E o Padre conclui com a bênção, e o Capitão do mastro recebe a bandeira de volta. Todos reverenciam e beijam a bandeira. E prossegue a caminhada da comitiva para outra localidade.

Nas 16 comunidades que pertencem à paróquia, são escolhidos alferes de bandeiras. Um festeiro apresenta a bandeira e o tambor, e o Padre faz uma oração do envio, dando-lhes a missão de visitar todas as famílias da comunidade, com o objetivo de levarem uma mensagem, um cartaz da festa contendo a programação, e, finalmente, o convite para que todos participem da programação da Festa do Divino. Estes, numa das noites das novenas, retornam, devolvendo a bandeira, o tambor e alguma oferta. Os que um dia fizeram parte da comitiva do Divino são visitados. São eles: Imperadores, Capitães do mastro, Festeiro de Honra e Festeiros. São aproximadamente 30 dias de caminhada, com percursos de estradas de chão, passando pelo interior ou áreas urbanas.

AS NOVENAS

As novenas são muito concorridas. Cada noite, tem noveneiros convidados e, em cada uma delas, um simbolismo:

1ª noite - Ex-imperadores, festeiros, capitães de mastro, festeiros de honra e as aias. São os que um dia fizeram parte da Equipe festiva

2ª noite - Noite gaúcha, para todos os tradicionalistas.

3ª noite - Comunidades ou capelas, mais rurais (são sete).

4ª noite - Dedicada aos moradores da sede e Linhas vizinhas.

5ª noite - Capelas do campo, representadas por agropecuaristas.

6ª noite - Noite italiana, para seus descendentes.

7ª noite - Dedicada a jovens e estudantes.

8ª noite - Dedicada aos são-marquenses (cidade vizinha que mais participa da festa), Caxias do Sul e Vacaria.

9ª noite - Para todos os devotos do Divino.

Após a novena os participantes retornam ao salão com muitos foguetes e música. Diante do Esplendor é invocado o Espirito

JANTAS, MÚSICAS E DANÇAS

Durante as nove noites, a equipe administrativa prepara, com o auxilio das cozinheiras, churrasqueiros e garçons, um jantar para todos os presentes. A média é de 400 pessoas por noite. São nove cardápios diferentes, um para cada noitada.

Logo após, sempre são contratados conjuntos musicais, para animar bailes dançantes. Em apenas três noites são cobrados ingressos: Noite dos Casais, dos Jovens e Noite Gaúcha. As demais, que são gratuitas, vão até a meia noite ou uma hora da manhã.

DIA DA FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

Conforme a tradição, naquele dia de festa, com banda de música e muitos foguetes, às nove horas, as procissões começam a sua caminhada e segue coma missa, após a procissão com o Esplendor do Divino. Almoço festivo. A tarde tem benção aos devotos do Divino. Acrescentando ao que o

Nesse dia em todos os locais, são oferecidos doces. Diante das casas e da casa paroquial, são feitos tapetes com flores.

Às 15 horas, de uma forma muito solene e com músicas e cantos, são nomeados os próx?mos festeiros, festeira de honra, capitão do mastro e Imperador e Imperatriz. E a banda continua tocando até às 18 horas, quando é encerrado o dia, com a rifa de um queijo de 150 quilos.

Esta devoção ao Divino é cultivada na Paróquia de Nossa Senhora do Carmo é uma herança rel?giosa açoriana, que caracteriza a vida de fé de dessa região e de todo seu povo.

 

Curiosidades

Para este queijo, são necessários 1600 litros de leite, todo ele recolhido gratuitamente. O dia em que é feito o queijo, se reúnem uma quantidade grande de colaboradores, junto com a equipe de louvação. Benção e a fala do Padre, música, chimarrão, pipocas, amendoim e pinhão são oferecidos no dia. Para cuidar e virar o queijo, no passado era necessário quatro pessoas. Mas hoje existe um aparelho especial que levanta e o vira.

Na tarde da festa, são leiloados terneiros e animais que foram ofertados.

A subprefeitura da localidade, ilumina o trajeto todo das procissões e deixa um ambiente verdadeiramente festivo.