
Estafeta
O estafeta teve a sua importância nos distritos de Caxias do Sul
O mundo vai mudando e, junto disso, profissões e necessidades também são alteradas. Hoje, é difícil pensar na dificuldade de falar com alguém, diante de tanta tecnologia disponível, porém, lá no tempo em que Caxias do Sul estava nos primeiros passos da sua trajetória, as enormes distâncias e as restrições de transporte exigiam a presença de um trabalhador chamado de estafeta. Esse profissional teve uma importância significativa em vários lugares de Caxias do Sul.
Pessoas que vivem por lá ainda lembram da existência desse mensageiro que levava documentos para São Francisco de Paula, município ao qual esse distrito caxiense pertenceu por algum tempo. Não era simples ir para lá, então se apostava no estafeta quando era necessário solicitar registros de nascimento e informar pagamentos de impostos, por exemplo. Ao circular com alguma frequência entre os município e os seus distritos, o estafeta acabava sendo, também, uma espécie de porta voz, ou seja, levava e trazia informações sobre o que acontecia em cada um dos territórios.
Ele estava presente, logicamente, em muitos lugares, incluindo além dos limites de Caxias do Sul. A cada época, as dificuldades e as necessidades vão exigindo que se busque soluções, e o estafeta foi a saída para a comunicação durante um bom tempo. No Portal das Missões, o escritor e historiador João Antunes publicou um texto sobre esse profissional. “O termo Estafeta, carregador de mala postal, é usado para definir os antigos entregadores de correspondências a longas distâncias”, escreve ele para definir esse profissional.
Em relação às curiosidades deste trabalho, informa que, como levava mensagens e dava recados aos governantes, precisava ter “bom preparo físico e boa memória”. O autor acrescenta que, por volta do ano 10 A.C., Otávio Augusto, o primeiro imperador romano, decidiu construir estradas para facilitar a vida dos mensageiros, que levavam e traziam correspondências, já que o império era muito vasto. Outro fato histórico citado se refere à vista de Marco Polo à China, em 1270. Naquele momento, informa o texto, ele foi “testemunha de que lá existiam milhares de postos de correio na vastidão daquele território onde os mensageiros faziam as entregas a cavalo, costume que também era feito pelos persas”.
No Brasil, os Correios foram criados, em termos práticos, em 25 de janeiro de 1663. Porém, o historiador reforça que, em comunidades interioranas, caso de Caxias do Sul, os estafetas seguiram com a sua “nobre missão” ainda durante muitos anos. Ao final do texto, João Antunes inclui um depoimento pessoal. “Lembro-me da época dos meus avós e demais parentes, quando eu era criança, sobre a felicidade daquele povo interiorano quando recebiam das mãos do estafeta as correspondências as quais eram guardadas e apreciadas por muitos anos”.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Ilustração: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. O estafeta teve a sua importância nos distritos de Caxias do Sul. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em:
Referências
ANTUNES, João. Os Estafetas. 2019, São Migues das Missões. Disponível em: https://www.portaldasmissoes.com.br/noticias/view/id/1307/os-estafetas-por-joao-antunes.html Acessado em 31 maio 2025.