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Erva-mate

Erva-mate

A erva-mate é um legado dos indígenas que habitaram o nosso território
Erva-mate

A erva-mate no território de Caxias do Sul

Há um lugar em Vila Seca conhecido como Capão da Erva, e esse nome vem do cultivo de erva-mate, que era muito forte na época dos indígenas.”Essa região é chamada de Capão da Erva porque tinha muitas árvores de erva-mate e hoje ainda temos algumas, na encosta, onde há mato”, diz Jairo Rech, que mora na região. Amplamente conhecida pelos gaúchos por estar presente no tradicional chimarrão, a erva-mate tem o nome científico de "Ilex paraguariensis” e teve seu destaque no território caxiense.

A mesma história contada por Rech é repetida em relatos feitos por Francisco Ballardin Zanette. Ele afirma que nas matas das suas terras, na região de São Gotardo, havia muitos pés de erva-mate e que ele desbastava. A explicação para o desbaste é o objetivo de mantê-la menor. “A erva-mate que cresce em meio à mata costuma ficar mais alta, porque ela cresce na direção da luz, então é necessário desbastar”, complementa. O Capão da Erva fica ao lado da Rota do Sol, logo após a sede distrito e ao lado do cemitério.

Pé de erva-mate na região do Capão da Erva em Vila Seca. Árvores que sobreviveram com o tempo. Como está em  meio a mata e não passa por poda elas crescem muito.

Porém, não era só lá que havia erva-mate. Guerino Perini, por exemplo, cultivava a planta em Santa Lúcia do Piaí, segundo informa uma reportagem da coluna Memória, do Jornal Pioneiro. E o livro "Atividades Econômicas Santa Lúcia do Piaí - Das Origens aos dias atuais”, de Tatiane Maria Rigotti, também cita a presença da planta no distrito. Conforme a publicação, a erva-mate era produzida principalmente nas comunidades da Zona Bonalume e de Santo Antônio e, nesta última, um dos destaques era a produção de José Müller, que “industrializava a erva e fazia em torno de duas viagens por semana pra Caxias no lombo de burros para entregar o produto”. Isso acontecia porque as famílias produziam basicamente para o seu consumo, mas quando havia excedente na safra, trocavam nas casas de comércio. Segundo o livro, a troca era feita com produtos como sal, açúcar, café, querosene e outras mercadorias que não conseguiam produzir em suas propriedades.

Na obra, Rigotti também afirma que o clima interferia na produção de forma significativa. "Chuvas em excesso, períodos de seca, geada e granizo eram alguns dos problemas que os agricultores tinham que enfrentar naquela época. Diante de um elemento incontrolável como são as condições climáticas, os moradores, muitas vezes, apelavam para a religiosidade, fazendo promessas, novenas e procissões, pedindo aos Santos de sua devoção que protegessem as plantações contra secas e intempéries. Ataques de insetos como gafanhotos, brocas e outras pragas também ameaçavam a produção agrícola”, escreve.

Pegando o caminho para outro distrito, chegamos a Fazenda Souza. O cultivo de erva-mate por lá está documentado no livro "São Roque: das origens aos dias atuais”. Os autores, Izabel Buffon Troian e Alvoni Passos, ressaltam que a erva-mate era produzida em menor escala, apenas para consumo doméstico. Depois, tornou-se uma um fator econômico de grande importância para a localidade. O produto era transportado para Caxias do Sul, onde passava por um processo de industrialização e depois era comercializado. O impacto desse produto na economia é citado também na obra “Presença Africana na Serra Gaúcha”, da escritora Loraine Slomp Giron. Ela escreve que, na primeira metade do século 20, a erva-mate foi um dos mais importantes produtos de exportação regional. Segundo consta no livro, citando um depoimento de Júlio Sassi, a erva-mate que existia nos territórios de Caxias do Sul, São Francisco de Paula e Veranópolis era comercializada para a Argentina. As folhas eram secas, preparadas e levadas primeiramente para Porto Alegre, onde havia um depósito. Da capital gaúcha, o produto embarcava em vapores e seguia para a fronteira com a Argentina. De lá, rumava para Buenos Aires e Montevidéu, no Uruguai.

Plantação de erva-mate na região do 1º Distrito de Caxias do Sul.

Sobre a origem desse produto, uma reportagem da National Geographic Brasil informa que trata-se de uma árvore nativa da América do Sul e reforça que, na natureza, pode chegar a uma altura de 12 a 16 metros. Também ressalta que, em relação ao costume de se consumir a erva-mate em infusões, acredita-se que seja um legado direto do povo guarani, que viveu na região. Essa informações, conforme a matéria, são da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Atualmente, segue produzindo de erva-mate em Caxias do Sul, mas em menor quantidade, ao circular pelo interior, encontra-se a plantios como foto a seguir fotografado ano 2024 na região do Primeiro Distrito.

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Fotos: Marivania L. Sartoretto

Ano: 2025

Para citar: 

SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. A erva-mate no território de Caxias do Sul.Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/erva-mate

Referências

Depoimento de Jairo Rech e de Francisco Ballardin Zanette

GIRON, Loraine Slomp. Presença africana na Serra Gaúcha: subsídios. Porto Alegre: Letra e Vida, 2009.

RIGOTTI, Tatiane Maria. Atividades Econômicas Santa Lúcia do Piaí - Das Origens aos dias atuais

LOPES, Rodrigo.Família de Guerino Perini e Antonia Bonalume. Caxias do Sul, 2019. Jornal Pioneiro. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/cultura-e-lazer/memoria/noticia/2019/10/familia-de-guerino-perini-e-antonia-bonalume-11882874.html Acessando em jun de 2025.