Se você já tem cadastro
Se você é novo por aqui
Você é
CLIENTE ANUNCIANTE
Incluir, mostrar e destacar a sua empresa, produtos e serviços. Inclui autorização para cadastrar eventos.
PROMOTOR DE EVENTOS
Cadastro para poder incluir eventos na agenda.
Deve ser no nome do promotor responsável pelo evento.
Dona Loça

Dona Loça

As histórias de Dona Loça, uma benzedeira de Criúva
Dona Loça

 

A memória de um lugar passa, sem dúvidas, pelas pessoas. E a de Criúva está diretamente ligada à Dona Loça, uma benzedeira que, no dia em que foi feita a entrevista que ancora este texto, estava com 103 anos de idade. Ela nasceu em 1920 e foi registrada como Arminda Nunes Martins. O pai, João Nunes Martins, queria dar a ela o nome de Loça, mas o cartório não aceitou. Ele, então, registrou como Arminda, mas o nome nunca pegou. Se quiser saber sobre ela, é preciso perguntar pela Dona Loça da Mulada. Ou pela Dona Loça de Criúva.

Sua mãe, Davina Rodrigues da Silva, foi uma parteira que colocou muitos bebês no mundo naquele distrito. E Dona Loça, que ainda recebeu o sobrenome de Melo depois de casar, se dava muito bem com os pais. “Os meus pais trabalhavam na lavoura, plantavam trigo, tinham gado, tiravam leite e faziam queijo. Meu pai vendia para casas de comércio da região e então comprava erva, café, açúcar e o que mais era necessário na nossa casa”, contou ela.

Durante a sua vida, teve 10 filhos e, até o dia da conversa conosco, não havia parado de benzer. Sua conexão com os santos que a protegem e fazem sarar quem ela benze é de muito tempo, desde a infância. Ela relatou que, em uma ocasião, estava tocando rebanho e faltava um animal. Então começou a orar e a conversar com os santos pedindo ajuda para encontrar, o que acabou acontecendo. Por conta disso, demorou pra voltar e fechar a porteira, então o pai foi até ela e a encontrou "conversando" com os protetores. Desde aquele dia, lembra de ter uma ligação muito forte com eles. "Eu estava agradecendo, falando com eles por terem me ajudado a encontrar o animal perdido, por isso demorei muito”, relembra.

Sua primeira bênção, contou Dona Loça, aconteceu quando era bem jovem. Ela não recorda exatamente quantos anos tinha, mas foi antes de completar 10 anos. Ela benzeu um rapaz de 17 anos, chamado Davi, que queixava-se de dor de dente. “Eu benzi e ele sarou”, afirmou na entrevista. Dali para frente, ela nunca mais parou. A sua avó paterna também tinha o dom de benzer, mas Loça aprendeu sozinha. Por muito tempo, foi chamada de feiticeira por moradores de Criúva, mas isso nunca a fez parar. “Eu benzo tudo que precisar, picada de cobra, picada de aranha, dores no corpo. Benzo pessoas, benzo casas, benzo a água”, disse.

Questionada sobre quais são os seus santos protetores, citou Nossa Senhora Aparecida, São João Maria e São Sebastião, reforçando que este último é “muito milagroso”. Também disse que está conectada com Santo Antônio, citado nas bênçãos pelos caminhos futuros das pessoas. “Também peço para Nossa Senhora das Graças e sempre sou atendida. Quando estou doente, rezo e melhoro”, acrescentou. Há muitos anos, Dona Loça recebe pessoas de todos os lugares em busca da sua bênção para uma série de situações, e ela nunca cobrou nada por isso. Ela é muito querida por várias pessoas e chegou a receber uma cruz de um benzedeiro famoso de São Marcos. Ele havia determinado que, quando falecesse, a cruz que usava para benzer fosse dada a ela. No dia da entrevista, Dona Loça ainda não sabia para quem iria repassá-la. É possível que essa resposta venha dos seus protetores, por meio de algum sentimento espiritual.

 

Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.

Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto

Texto: Paula Valduga

Fotos: Marivania L. Sartoretto. 

Ano: 2025

Para citar

SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Dona Loça, a benezedeira da Mulada, em Criúva. Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo.  Caxias do Sul. 2025. 

Referências

Depoimento de Arminda Nunes Martins de Melo, a Dona Loça