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Ballardin Malhas: Fé em Nossa Senhora de Caravaggio sustenta cinco décadas de sucesso
A história de sucesso da Ballardin Malhas passa diretamente pela fé de Edith Zanette Ballardin.
Em 1969, Edith se viu diante do desafio de precisar deixar as terras onde vivia devido à construção de uma represa. Sendo habilidosa apenas na agricultura, estava preocupada com o que faria a partir desse momento. Em uma viagem do interior para a cidade, enquanto esperava na parada de ônibus, ela testemunhou a produção de uma malharia e se encantou. "Minha avó teve certeza naquele momento de que era aquilo que ela queria fazer da vida", relatou Adrieli Ballardin Daniel, uma das representantes da terceira geração da família que atualmente trabalha no negócio.
No entanto, a máquina necessária para iniciar esse empreendimento era muito cara. Portanto, em dúvida sobre fazer esse investimento, Edith decidiu caminhar até Caravaggio para buscar aconselhamento de Nossa Senhora de Caravaggio. No caminho, em 26 de maio de 1969, o dia da santa, ela conversou com uma senhora que também estava a caminho do santuário e compartilhou seu sonho. O que ouviu poderia ter sido desencorajador, mas teve o efeito oposto. "Ela disse à minha avó que 'onde já se viu uma pessoa da colônia querer ser comerciante’’, como se costumava chamar na época. Minha avó ouviu isso e decidiu: '’é agora mesmo que eu vou fazer’’, detalhou.
A partir desse momento, Edith estava determinada. Ela parcelou a compra da primeira máquina, e a primeira peça que produziu foi para sua filha, Iraci Terezinha Ballardin Daniel, mãe de Adrieli, que tinha apenas um ano de idade na época. No entanto, antes de começar, Edith teve que aprender a operar a máquina, pois não tinha a menor ideia do que fazer. Uma conhecida que costurava por hobby permitiu que Edith observasse seu trabalho. "Ela não deixava minha avó tocar em nada com medo de que ela estragasse, só podia observar. Então, à noite, minha avó ia até a casa dessa pessoa, que ela via como um exemplo, porque tinha filhos bem-sucedidos e até comprava refrigerante durante a semana",relatou. A partir desse momento, Edith decidiu que seus filhos estudariam e seriam bem-sucedidos, e a família tomaria refrigerante às quartas-feiras. E todos esses planos se concretizaram.
Devido à natureza manual do trabalho, muitas vezes ocorriam erros, mas Edith tinha uma abordagem peculiar. "Cada vez que o tecido caía, minha avó assobiava e continuava", destacou. No início, a produção era sob encomenda, principalmente para vizinhos e conhecidos. Um ano após a compra da máquina, em 26 de maio seguinte, Edith trabalhou sem parar e produziu o máximo que já havia conseguido em um único dia até então: 26 peças, em homenagem ao número da santa. Ela então voltou a Caravaggio de madrugada para agradecer.
Nesse ponto, Edith estava tão confiante de que o negócio daria certo que convenceu seu marido, Jaime Ballardin, a deixar seu emprego no Samae e ajudá-la. Mais uma vez, sua intuição se mostrou correta. Juntos, eles tocaram a malharia e também administravam um armazém onde vendiam cucas e pastéis, o que rendeu a Edith o apelido de "cuca". Sua filha Iraci, quando atingiu a idade apropriada, também se juntou ao negócio e nunca mais o deixou. Em 1997, Iraci e seu marido, Valcir Daniel, tornaram-se oficialmente os proprietários, nesse momento já haviam expandido a produção em linha, não se limitando mais a produtos sob encomenda. Adrieli cresceu imersa nessa história, dormindo em caixas, debaixo de máquinas e brincando na malharia, que crescia a cada ano. As duas irmãs mais velhas, Franciele e Michele, também fazem parte do negócio e contribuem para manter viva essa história de sucesso na terceira geração.
"Hoje, temos revendedores, loja própria, e-commerce e estamos implementando uma rede de franquia. A empresa acompanhou as mudanças no mercado e está se expandindo novamente, como ocorreu em diversas ocasiões", destaca Adrieli. O foco em tecnologia é evidente, pois a Ballardin adotou máquinas 3D desde 2011, permitindo que as peças saiam completamente prontas, eliminando a necessidade das etapas tradicionais de tecer, cortar e costurar. "Essa máquina acelerou muito o nosso processo", complementa.
As malhas da Ballardin são enviadas de Caxias do Sul para cidades no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. No Estado de São Paulo, a participação é menor devido ao clima menos frio, mas a região Sul é atendida em praticamente todas as cidades. "É um orgulho para mim contar essa história e dar continuidade ao negócio da minha avó". A casa da avó tem um acesso para a empresa, e ela costuma circular pela produção. Ela dá uma olhada e faz o acabamento manual quando necessário. Às vezes, acontece de puxar um fio, e ela faz a peça voltar a 100%, algo que outras pessoas não conseguem", Adrieli conclui com orgulho.
Com esse exemplo, a fé em Nossa Senhora de Caravaggio e a disposição para assobiar e seguir em frente, o futuro tem tudo para ser maravilhoso para a Ballardin Malhas.
Veja vídeo da história da Ballardin Malhas.