
Comércio de Galópolis
Conheça histórias do comércio de Galópolis em outros tempos 
Nomes como Armazém Angelin Stragliotto, Armazém Dal Prá, Loja de Sapatos Júlia Vial, Armazém da Égide Basso e Mercado da Cooperativa, entre outros, estão na memória coletiva de Galópolis. Há muito tempo, quando a localidade estava no início do seu desenvolvimento, havia pouca estrutura de transporte, então os estabelecimentos comerciais não ficavam restritos ao centro, ou a área urbana da época, mas se espalhavam também pelas comunidades do interior. Desta forma, o comércio impactou o território como um todo.
Entre os lugares que ficaram marcados na história, está o Armazém Basso, que ficava na BR-116, esquina com a Rua Ismael Chaves, e era classificado como um estabelecimento de secos e molhados. Vendia, sapatos, chinelos, fumo, fazenda em metro, perfumaria, louças, utilidades domésticas e alimentos como arroz, açúcar, farinha, massas. Também tinha uma área chamada de “cantinho da amizade”, onde as amigas da família se reuniam para tomar café, comer biscoitos e fazer doações. Posteriormente, Égide providenciava para que esses artigos chegassem às festas religiosas, conforme informado no Museu de Território. O prédio era de madeira, barro e tijolos e foi construído por Luiz Basso há mais de 100 anos. Égide, a sua esposa, era quem conduzia.
Sylvino Dal Como, morador da 4ª Légua, acrescenta que, por lá, também existia o Armazém dos Tisot e o Armazém do imigrante alemão Henrique Koppe, que construiu uma imponente casa de pedra. O pai de Sylvino comprou a propriedade dos herdeiros de Koppe em 1935 e alugou a casa para Alfredo Peteffi na década de 1940. "Essa casa antiga era perto da minha casa e, quando eu era criança, depois que o armazém fechou, tinha um dentista e eu ia lá”, lembra ele. De vez em quanto, Sylvino também brincava ali perto.
Na década de 1940, Alfredo saiu do local e construiu um armazém na frente. Em 1948, vendeu a casa para Ana e Bonifácio Sirtoli, que já haviam se unido ao Armazém do Tisot. Os pais de Sylvino, então, se mudaram para a casa de pedra que havia sediado o armazém de Alfredo Peteffi. Alexandre, o pai, no ano de 1948, construiu uma segunda casa e alugou para outro Peteffi, Claudino, que também montou um armazém de secos e molhados. Ele contratou um argentino para escrever o nome do comércio na fachada do prédio e foi um grande impulsionador dos negócios de Galópolis. Comprava as mercadorias dos produtores rurais e revendia na cidade. Um tempo depois, saiu do armazém para abrir um matadouro e Alexandre assumiu o negócio, mantendo-o até 1959. No ano de 1972, com a morte de Alexandre, os herdeiros venderam a propriedade para a família Mincato. Posteriormente, ela foi comprada pela família Basso, que é a atual proprietária da casa.
Sobre o armazém que resultou da união entre as famílias Sirtoli e Tisot, o negócio seguiu até o ano 2000. Em 1962, Bonifácio faleceu, mas Ana seguiu. Conforme a filha Isabel, aos finais de semana, havia grande movimento. Muitas pessoas iam lá para comprar a carne que vinha do matadouro de Claudino Peteffi. Como não havia geladeira para armazenar, era preciso comprar carne com frequência. O lugar era muito querido pela comunidade e, por alguns anos, serviu também como ponto de telefone. Ana faleceu em 2019 e a família mantém o armazém com os produtos que estavam lá no dia em que foi fechado, preservando a história.
Quem também atuou com comércio em Galópolis foi a família Dal Prá. Na coluna Memória, do Jornal Pioneiro, foi publicada uma foto de José Dal Prá, conhecido como Marconi, com a família fazendo pose no veículo usado para abastecer o Armazém Marconi. No verão, conforme a nota publicada, eles o utilizavam para viajar à praia de Torres. Foi um grande negócio e contribuiu muito com o desenvolvimento de Galópolis, segundo depoimentos de Dilla Mincato.
Vale destacar, também, o Mercado da Cooperativa, que nos dias de hoje é conhecido como Nostra Vita. Conforme informações de Luiz Felippi, que entrou como sócio no negócio em 1953, as atividades foram iniciadas em 24 de abril de 1936, com o nome de Cooperativa de Consumo São Pedro. O espaço atuou com essa nomenclatura até o ano 2000. Posteriormente, mudanças em legislações e outras questões fizeram com que a cooperativa não sustentasse mais.
A assembleia de dissolução foi realizada naquele mesmo ano e, segundo Felippi, os associados foram informados que o patrimônio era x e que as dívidas praticamente somavam o mesmo valor. “Foi oferecida a oportunidade de assumir o negócio, mas ninguém se manifestou. Então, eu e minha esposa nos oferecemos e fundamos o mercado", conta ele.
Daquele ano em diante, o lugar passou a se chamar Nostra Vita e a ser administrado por Luiz e Ivete Marchioro Felippi. Até hoje, mantém-se com um típico mercado de interior, que reúne tudo que a comunidade precisa. Além de açougue, frutas, todos os itens normais de mercado, há bazar, loja, aviamentos e diversos itens. Segundo Felippi, não há como contabilizar tamanha variedade de produtos.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para creditar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Conheça histórias do comércio de Galópolis em outros tempos. Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/comercio-de-galopolis
REFERÊNCIAS
FAMÍLIA DAL PRA. Jornal Pioneiro, 28 nov.1999, p.2. Acervo: Fundação Biblioteca Nacional (Brasil). BNDIGITA
Depoimento de Sylvino Dal Como, Dilla Mincato, Luiz Felippi e Isabel Sirtoli.