
Araucárias
Araucária: um legado dos indígenas no território caxiense 
A araucária, uma árvore que admiramos até hoje na região de Caxias do Sul, foi fundamental para a sobrevivência dos indígenas. Eles se alimentavam do pinhão e foram os responsáveis por aumentar a ocorrência desta planta tão característica daqui. Conforme diversos estudos, é possível afirmar que esta árvore e o seu fruto são legado dos indígenas, já que eles agiram não apenas para que ela não desaparecesse, mas também para que se tornasse cada vez mais numerosa. Ela está presente em todo o território, porém, é em Vila Seca que existe em maior quantidade.
Conforme Ely Susin, que por muitos anos trabalhou com retroescavadeira e circulava por todos os distritos de Caxias do Sul, há um pinheiro em Vila Seca que se destaca em meio à mata e é o maior que ele já viu. Como essa área nunca teria sido desmatada, essa árvore está lá há muito tempo. “Nós precisamos reunir várias pessoas para abraçar o tronco, porque é muito grosso”, diz ele. A história é contada também por Francisco Ballardin Zanette, morador do distrito. Ele relata que, em uma ocasião, foi com um primo até a famosa árvore para medir. “O pinheiro tem mais de nove metros de circunferência do tronco. Em diâmetro, dá uns dois metros”, afirma.
Quem circula pelo interior todo de Caxias do Sul, como Ely, garante que nunca viu um maior. A árvore, porém, fica em uma propriedade particular, portanto não pode ser visitada. Ely entrou para trabalhar com a retroescavadeira, e Zanette estava fazendo um trabalho de faculdade. Por isso, tiveram autorização. Porém, para ver araucária, é só circular pelo interior de Caxias do Sul. Em Vila Seca, inclusive, elas fazem parte da vegetação que fica nos fundos dos sítios arqueológicos, como o historiador e arqueólogo Rafael Corteletti explica neste conteúdo.
Ele fala, também, sobre como o pinhão serviu de alimento para os indígenas, em um texto especial que pode ser lido clicando aqui. Em uma artigo produzido para a Universidade Federal do Paraná e denominado “Araucária, o baobá dos povos do Sul do Brasil”, essa informação é referendada. Conforme o texto, "a conexão entre homem, araucária e pinhão nestas terras existe há quatro mil anos. A história começa com os povos originários e seus saberes ancestrais”.
Hoje, em dia, o fruto da araucária ainda serve como alimento e, por conta disso, movimenta a economia de Vila Seca durante o inverno. Quem circula pela Rota do Sol, a rodovia que dá acesso a esse e outros distritos caxienses, na época do frio, encontra muitas pessoas vendendo pinhão, tanto cru, quanto já cozido e pronto para o consumo. Essas pessoas mantêm viva a cultura e o amor pelo pinhão, além de preservarem uma história que fez parte da época dos indígenas. E, considerando que lá vivem famílias que tiveram ancestrais indígenas, quem sabe eles carreguem o legado da araucária também no seu DNA.
Este conteúdo integra o projeto Patrimônios, lendas e marcos de Caxias do Sul, financiado pela Lei Paulo Gustavo de Caxias do Sul.
Produção, organização e Curadoria: Marivania L. Sartoretto
Texto: Paula Valduga
Fotos: Marivania L. Sartoretto
Ano: 2025
Para citar
SARTORETTO, Marivania L.; VALDUGA, Paula. Araucária: um legado dos indígenas no território caxiense . Caxias do Sul: Patrimônio, Marcos e Lendas / Lei Paulo Gustavo, 2025. Disponível em: https://www.guiadecaxiasdosul.com/turismo/patrimonios/patrimonios-e-lendas/araucarias
Referências
Depoimento de Ely Susin
Depoimento de Francisco Ballardin Zanette
Araucária, o baobá dos povos do sul do Brasil. Paraná, 2021. Universidade Federal do Paraná. Disponível em:https://ufpr.br/araucaria-o-baoba-dos-povos-do-sul-do-brasil/ Acessado em: jun de 2025.